quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SOBRE FIDELIDADE E ESTADOS RESSONANTES


          Através dos tempos, o homem, em sua busca de poder, tentou a qualquer custo ter a posse sobre tudo aquilo que estava ao seu alcance e lhe era, de alguma forma, ofertado. É possível que isso tenha desenvolvido nele uma sede por posses maior do que sua natureza animal lhe proporcionou ou proporciona, ainda.
                No início da trajetória da raça humana, porém, considerando as relações sociais já estabelecidas, o homem utilizava um critério mais justo para conseguir suas posses. O escambo era o instrumento de negociação entre os pares e por mais que um deles saísse em vantagem na troca que era feita, mesmo à leitura de hoje, os dois saiam felizes, pois ambos adquiriam o que queriam e assim todos saiam satisfeitos.

                Foi por causa dessas trocas, entretanto, que as relações começaram a se deteriorar,  visto que alguém, em algum momento, percebeu que não bastava adquirir o que queria no ato da troca. Era mais importante sair ganhando com ela. Nesse momento, o homem se trai, pois não mais interessava sua auto satisfação, o que lhe era foco era ser melhor que o seu semelhante. Então, ele mesmo se deixa levar por um sentimento egoísta, mesquinho e que punha em xeque mate sua moral. Ele deixa de ser fiel aos seus desejos e passa a ceder aos seus impulsos de passar por cima de seus iguais. Isto feito, o tira de uma linha moral baseada numa ética de cooperação e fraternidade. Triste caminho o homem trilhou para si mesmo.
 
                Isso também, como não poderia ser diferente, foi levado às relações afetivas. Nestas relações que são proposta divina de perpetuação da espécie, princípio fundamental da vida, desde os vírus até a maior forma de vida que possam imaginar e  entenda-se aqui o divino com qualquer conotação que queira utilizar. Passamos a não respeitar as nossas escolhas de convivência com nossas(os) companheiras(os) por conta de um princípio criado por ancestrais que se desviaram do caminho do bem proposto pelo que, em qualquer leitura que se faça, mesmo que o caos seja considerado, chamamos de divino.

                É divina a construção de uma família, vai além da empresa que tantos falam hoje que se tornou o casamento. A construção da família passa pelo princípio de preservação da espécie. Como no evangelho: Crescei e multiplicai. A união de duas pessoas, a princípio de sexos opostos, tem essa conotação: Preservar a própria espécie. É isso que faz o casamento ser, também, instrumento divino. E contrapondo-se a isso tudo, ainda existem espécimes desta raça que se julgam no direito de não levar isso em consideração e colocar em jogo o tempo que foi desprendido nesse propósito e magoar, por puro egoísmo, seu cônjuge. Muitas vezes isso leva a finais trágicos, onde os que erram se vêm perdidos nas situações que eles próprios, cada um ao seu modo, criaram.
 
                 Uma vez ferida a fidelidade a si mesmo, ele não tinha mais que levar em consideração os seus pares. A partir de então, ele começa a andar pela estrada do egoísmo, da falta de piedade e da mentira. São os sentimentos deletérios que lhe tomam conta e o mundo em sua volta, como consequência, toma um rumo diferente da proposta original.
 
                Ficam então expostos aos males do mundo. Perdem o diálogo aos poucos, deixam de se enxergar gradativamente e vão trocando seus sentimentos, pelos próprios interesses e, dessa maneira, o escambo morre na relação e, aí sim, o casamento se transforma numa empresa mal sucedida, que foge aos seus propósitos originais. As partes não pensam em conjunto, não vibram à mesma frequência, e como no universo quântico, sistemas que não vibram na mesma frequência não se percebem e a vida conjugal fica assim comprometida.
 
                Mas nada está perdido! O olhar de um para o outro, com o coração aberto e voltado ao propósito original de qualquer que seja a relação pode, aos poucos, colocar as partes envolvidas num estado vibracional cada vez mais semelhante, levando os mesmos a atingir em algum momento a mesma frequência, o que se chama na física de ressonância. Com os corações abertos ao propósito que chamamos de divino, as partes envolvidas podem assim se acertar e a reconciliação destas vontades é uma consequência natural a partir de então. Para isto, devemos deixar de lado todo e qualquer sentimento contrário a esse intuito, devemos nos ver livre do orgulho, do ódio, da vaidade, da mentira e de tantos outros sentimentos deletérios que só atrapalham o princípio de evolução moral de cada um de nós. Sendo assim, podemos, quem sabe, voltar à época em que as relações eram baseadas no princípio de fidelidade a si mesmo e ao outro e assim possamos trazer essas relações para o início de toda construção social e moral de nossa espécie, onde havia respeito mútuo, onde tudo era baseado na espontânea troca. 

Pense nisso!